CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA PARA HÉRNIA DE DISCO

O procedimento Disc-FX é utilizado para o tratamento da hérnia de disco lombar de forma minimamente invasiva. Mas para que você possa entender como funciona este procedimento e para que serve, é necessário conhecer um pouco sobre a estrutura da coluna vertebral. Vamos lá!

A coluna vertebral é formada por vários ossos empilhados, uns sobre os outros, denominados vértebras.

Figura 1: Uma vértebra vista por cima (esquerda) e uma vértebra vista de lado (direita).

As vértebras se separam uma das outras por um tipo de almofada com a função de amortecimento, o disco intervertebral (figura 2 e 3) ou simplesmente disco (é este disco que causa a famosa hérnia de disco).

FIGURA 02: Uma vértebra com um disco na sua parte de cima (em roxo).

A coluna vertebral se estende desde a cabeça até a região das nádegas, dividindo-se em coluna cervical (pescoço), torácica (região do peito), lombar e pélvica (ou sacral) (figura 4).

FIGURA 04: Divisão anatômica da coluna vertebral em quatro partes – cervical, torácica, lombar e pélvica (ou sacral).

O disco intervertebral (figura 2 e 3) é formado por um anel externo (chamado ânulo fibroso) que forma uma parede e envolve uma área central, mais macia, chamada núcleo (núcleo pulposo) (figura 5).
 

FIGURA 05: Um disco intervertebral visto por cima, com uma área periférica (anel fibroso) envolvendo uma área central mais macia e absorvedora de impactos (núcleo pulposo).

 

Em diversas situações (como por exemplo, com o envelhecimento, com atividade esportiva excessiva, carregar peso por muito tempo, dirigir muito tempo e em outras situações), o ânulo fibroso (figura 5) pode rachar total ou parcialmente, formando fissuras (figura 6). Estas fissuras podem ser uma causa importante de dor na parte baixa da coluna (coluna lombar), causando a chamada dor discogênica. Além da dor, estas fissuras permitem que o núcleo pulposo empurre o ânulo para fora. O ânulo fibroso por sua vez comprime o nervo ciático que está em sua proximidadade, causando a dor ciática ou ciatalgia. Este fenômeno, da saída do núcleo pulposo para fora é a famosa hérnia de disco. Este tipo de dor caracteriza-se por ser lancinante (intensa e parecendo uma fisgada de anzol) com irradiação para uma ou ambas as pernas. Existem momentos em que esta dor se torna mais intensa (crise de dor), obrigando o paciente a ficar deitado.
Figura 6: Disco intervertebral com presença de fissuras no ânulo fibroso.

FIGURA 07: Observe no desenho a presença de fissuras no ânulo fibroso por dentro das quais o núcleo pulposo sai para fora, empurrando o anel fibroso que comprime o nervo ciático. Neste caso, esquematicamente temos duas causa de dor. A primeira são as fissuras e a segunda é a hérnia de disco.

Na maior parte dos casos a dor melhora com o uso de analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e tratamento fisioterápico, mas ocasionalmente a dor não melhora e as crises de dor se tornam mais freqüentes e mais intensas. No passado, nestas situações, geralmente o paciente era submetido à uma cirurgia de coluna tradicional (convencional), com anestesia geral e retirada do disco doente.

Nos últimos anos, desenvolveu-se uma nova técnica, minimamente invasiva (isto é, causando menos lesão no corpo do paciente, de modo que o paciente se recupera mais rápido e pode voltar ao trabalho mais rapidamente).

A maioria das técnicas minimamente invasivas é realizada de modo percutâneo (isto é, por meio de agulhas ou instrumentos bem finos introduzidas no corpo do paciente pela pele, sem a necessidade de se realizar cortes ou dar pontos) e com anestesia local (ou com anestesia local e uma leve sedação) (Tabela 1).

TABELA 01: Quadro comparativo dos tipos de tratamento existentes para o tratamento da dor lombar discogênica.

Quando o paciente apresenta dor discogênica e hérnia de disco simultaneamente, este procedimento minimamente invasivo por se feito pelo procedimento Disc-FX.

Como é feito o procedimento Disc-FX?

O procedimento é realizado dentro do centro cirúrgico.

Figura 08: Aspecto geral da montagem de uma sala cirúrgica para a realização de procedimentos minimamente invasivos em coluna. Identifique na figura o aparelho gerador de radiofreqüência (1); 

o pedal para acionamento do aparelho de raios-X (2); 

os equipamentos para medida de pressão arterial e frequência cardíaca (3); 

soro para hidratar o paciente (4), aparelho de raios-X (5) e mesas para instrumentais (6 e 7).

O paciente fica acordado (ou levemente sedado) e deitado com a barriga para baixo. A pele é lavada com antissépticos e preparada com anestésico local e o disco doente é puncionado com uma agulha (figura 9), sendo que o médico é guiado por um aparelho de raios-X (figura 8).

FIGURA 09: Punção do disco com uma agulha, guiado pelo aparelho de raios-X.

Após a punção do disco com a agulha, é passado um tipo de pinça que retira a hérnia de disco (figura 10).

FIGURA 10: Nesta figura observamos os instrumentos (pinças) utilizados para a retirada da hérnia de disco com o procedimento Disc-FX.

FIGURA 11: Passagem da pinça retiradora de hérnia por dentro da agulha. Veja no detalhe a ponta desta pinça que permite a retirada da hérnia de disco.

Na cirurgia tradicional esta retirada de disco é feita com anestesia geral e depois de se cortar a pele e retirar parte do osso da coluna vertebral.

No procedimento Disc-FX, após a retirada do disco, tratamos as fissuras do ânulo fibroso (que é outra causa de dor). Retiramos a pinça de dentro da agulha e utilizamos agora um eletródio (um tipo de fio metálico) que é conectado a um aparelho gerador de radiofreqüência. Dirigimos então o eletródio em direção das fissuras do ânulo fibroso e aplicamos esta radiofrequência, causando sua contração e fechamento.

Finalmente, depois de retirado a hérnia de disco com a pinça e depois de tratarmos as fissuras dolorosas com o eletródio, podemos inspecionar e olhar por dentro do disco para ver se tudo ficou bem e se o procedimento foi bem sucedido. Para isso utilizamos um endoscópio (um tipo de microcâmera) que permite olhar por dentro do disco. Na cirurgia tradicional, isto não é possível.

FIGURA 13: Como última etapa, inspecionamos o interior do disco com um endoscópio, verificando se é necessário realizar algo mais.

Reportagem do Globo Repórter sobre Dor

Claro! O Disc-FX é um sistema minimamente invasivo para o tratamento da lombalgia e da hérnia de disco. Através de uma agulha que é colocada dentro do disco são passados microinstrumentos que permitem:

1)Retirar e descomprimir hérnia de disco
2)Vaporizar o núcleo pulposo reduzindo a pressão dentro do disco com o uso de radiofrequência.
3)Modulação das fissuras dolorosas do ânulo fibroso
4)Inspecionar o disco com um endoscópio

As chances de sucesso com este procedimento são de aproximadamente 80%. Entretanto para que se atinja este sucesso é necessário uma análise cuidadosa de cada caso. Consulte o seu médico. Além disso é necessário que após a realização do procedimento o paciente entre em um programa de reabilitação e elimine atitudes que causem sobrecarga da coluna (postura, carregar peso, etc). Em um trabalho apresentado pelo Dr. A. Feldman no Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva com 72 pacientes tratados com este método, 100% deles recomendariam este tratamento para outros pacientes (isto é, nesta amostra de pacientes, neste trabalho, todos pacientes se mostraram satisfeitos).

Basicamente não existe cirurgia ou procedimento sem riscos, entretanto com o uso do Disc-FX os riscos de lesão de algum nervo e paralisia são reduzidos. Isso ocorre por que o paciente permanece acordado ou apenas levemente sedado, podendo avisar o cirurgião caso algum nervo esteja sendo acometido. Entretanto, a realização do procedimento Disc-FX exige considerável treinamento e habilidade por parte do cirurgião que irá realizar o procedimento.

Não, o procedimento é aprovado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A ANVISA é a agência governamental que tem por missão proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços. Qualquer produto utilizado em cirurgias e tratamentos médicos deve possuir a licença desta agência. Nos Estados Unidos o procedimento Disc-FX foi aprovado pelos rigorosos critérios do FDA (Food and Drugs and Administration – A ANVISA norte-americana) desde 2006. Vários pacientes já foram submetidos a este tratamento nos Estados Unidos, Europa e em vários outros países.

Não, este procedimento é feito sob anestesia local (semelhante à anestesia usada em procedimentos dentários) ou com anestesia local e sedação (além da anestesia local é aplicada uma medicação na sua veia para que você fique mais confortável, com menos dor e menos ansioso).

Sim, você pode realizar a cirurgia convencional de coluna no futuro, mesmo se for para operar o disco onde foi feito o procedimento Dis-FX.

Sim, se for uma caso de hérnia de disco que não melhorou com o tratamento conservador, a cirurgia convencional está indicada. Entretanto se você não ficou convencido ou se você não se sente seguro para fazer uma cirurgia convencional, o Disc-FX pode ser uma opção para você

Após o procedimento você é encaminhado do centro cirúrgico de volta ao seu quarto, onde poderá comer e ficará se recuperando por algumas horas até poder ir para casa, normalmente no mesmo dia. Em casa você deverá tomar algumas medicações analgésicas e anti-inflamatórias e fazer repouso por alguns dias. Neste período você não precisa ficar deitado o tempo todo, mas deve evitar trabalhos domésticos (como lavar roupa, lavar o quintal, o carro, carregar sacolas de compras, etc) e esforços maiores (como a prática de esportes ou corrida). Se o seu trabalho não exige muito esforço físico (trabalho de escritório), você pode retornar ao trabalho cerca de 07 dias depois do procedimento.

Não e não! O procedimento é feito totalmente de modo percutâneo (através de uma punção da pele) e não é feito corte ou incisão nenhuma, portanto não é necessário dar pontos na pele

Nem todo paciente vai se beneficiar com este tipo de procedimento. O tipo de dor que você apresenta, seu exame físico e seus exames radiológicos (como a tomografia e a ressonância magnética) vão confirmar se você vai se beneficiar com este tratamento ou não. Consulte seu médico

-tratamento minimamente invasivo
-anestesia local
-combina quatro procedimentos em um só: retirada da hérnia de disco, vaporização do núcleo pulposo, coagulação do ânulo e checagem endoscópica do procedimento
-recuperação rápida
-baixo risco. O paciente fica acordado e pode comunicar ao médico qualquer sintoma.

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