TRATAMENTO INTRADISCAL MINIMAMENTE INVASIVO (IDET)

A coluna vertebral é formada por vários ossos empilhados, uns sobre os outros, denominados vértebras.

 
FIGURA 02: Uma vértebra com um disco na sua parte de cima.
Uma vértebra vista de lado.

As vértebras se separam uma das outras por um tipo de almofada com a função de amortecimento, o disco intervertebral (figura 2 e 3) ou simplesmente disco (é este disco que causa a famosa hérnia de disco).

 
FIGURA 02: Uma vértebra com um disco na sua parte de cima.

FIGURA 03: Várias vértebras unidas por discos intervertebrais. O disco amortece os impactos que acometem a coluna quando você se movimenta. Este conjunto de vértebras e discos forma a coluna vertebral que se estende desde a cabeça até a região das nádegas. Ela é dividida em coluna cervical (pescoço), torácica (região do peito) , lombar e sacral (figura 04)

FIGURA 04: Divisão anatômica da coluna vertebral em quatro partes – cervical, torácica, lombar e sacral. O disco intervertebral (figura 2 e 3) é formado por um anel externo (chamado ânulo fibroso) que forma uma parede e envolve uma área central, mais macia, chamada núcleo (núcleo pulposo) (figura 5).

 

FIGURA 05: Um disco intervertebral visto por cima, com uma área periférica (anel fibroso) envolvendo uma área central mais macia e absorvedora de impactos (núcleo pulposo). Em diversas situações (como por exemplo, com o envelhecimento, com atividade esportiva excessiva, carregar peso por muito tempo, dirigir muito tempo e em outras situações), o ânulo fibroso (figura 5) pode rachar total ou parcialmente, formando fissuras. Estas fissuras podem ser uma causa importante de dor na parte baixa da coluna (coluna lombar), causando a chamada dor discogênica. Este tipo de dor caracteriza-se por ser contínua (a dor ocorre o tempo todo), podendo haver irradiação da dor para uma ou ambas as pernas. Existem momentos em que esta dor se torna mais intensa (crise de dor), obrigando o paciente a ficar deitado. Frequentemente a dor piora quando o paciente se movimenta, principalmente quando ele se levanta de uma cadeira ou da privada, quando fica muito tempo sentado ou de pé e alivia quando se deita.

 

FIGURA 06: Disco intervertebral com presença de fissuras no ânulo fibroso. Na maior parte dos casos a dor melhora com o uso de analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e tratamento fisioterápico, mas ocasionalmente a dor não melhora e as crises de dor se tornam mais frequentes e mais intensas. No passado, nestas situações, geralmente o paciente era submetido à uma cirurgia de coluna tradicional (convencional), com anestesia geral e retirada do disco doente. Nos últimos anos, desenvolveu-se uma nova técnica, minimamente invasiva (isto é, causando menos lesão no corpo do paciente, de modo que o paciente se recupera mais rápido e pode voltar ao trabalho mais rapidamente). A maioria das técnicas minimamente invasivas é realizada de modo percutâneo (isto é, por meio de agulhas ou instrumentos bem finos introduzidas no corpo do paciente pela pele, sem a necessidade de se realizar cortes ou dar pontos) e com anestesia local (ou com anestesia local e uma leve sedação) (Tabela 1).

TABELA 01: Quadro comparativo dos tipos de tratamento existentes para o tratamento da dor lombar discogênica. Para o tratamento da dor discogênica, esta técnica minimamente invasiva é chamada de IDET (que vem do inglês Intradiscal Electrothermal Therapy ou Tratamento Eletrotérmico Intradiscal).

REFERÊNCIAS
(Artigos científicos que endossam o procedimento IDET)

O procedimento é realizado dentro do centro cirúrgico. O paciente fica acordado (ou levemente sedado) e deitado com a barriga para baixo. A pele é lavada com antissépticos e preparada com anestésico local e o disco doente é puncionado com uma agulha, sendo que o médico é guiado por um aparelho de raios-X. Por dentro da agulha é passado um eletródio (um tipo de fio metálico) que é conectado a um aparelho gerador (figura 10) de radiofrequência (um tipo de onda de energia parecida com aquela que existe dentro do forno de micro-ondas). O médico aplica então esta radiofreqüência que é transmitida para dentro do disco doente, causando contração do núcleo pulposo e causando a denervação do disco que causa a dor. O tempo de aplicação desta radiofrequência dura 16,5 minutos (figura 11 e 12).

Agulha utilizada no procedimento IDET.

Agulha e eletródio. Após a punção do disco doente, o eletródio é inserido dentro do disco por dentro da agulha. Para sua segurança, tanto a agulha como o eletródio são esterilizados e descartáveis (isto é, eles são utilizados uma única vez e jogados fora).

O eletródio é um tipo de fio metálico especialmente construído para conduzir a radiofrequência produzida pelo aparelho gerador. Na figura podemos ver a ponta do eletródio que se torce dentro do disco para seguir a curvatura do disco.

Aparelho gerador de radiofrequência. Este aparelho é o responsável pela produção das ondas de radiofrequência e é conectado ao eletródio por meio de um cabo.

O eletródio é posicionado bem na região das fissuras do ânulo fibroso

Simulação artística do que acontece dentro do disco com o procedimento IDET. A agulha está entrando no disco à direita e o eletródio passa por dentro dela e dá a volta dentro do disco, aquecendo e conduzindo as ondas de radiofrequência (em amarelho e vermelho) e destruindo as fibras nervosas que são responsáveis pela dor.

Não, o procedimento é aprovado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A ANVISA é a agência governamental que tem por missão proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços. Qualquer produto utilizado em cirurgias e tratamentos médicos deve possuir a licença desta agência. Nos Estados Unidos o procedimento IDET foi aprovado pelos rigorosos critérios do FDA (Food and Drugs and Administration – A ANVISA norte-americana) desde março de 1998. Vários pacientes já foram submetidos a este tratamento nos Estados Unidos, Europa e em vários outros países. Nos Estados Unidos, desde março de 1998, mais de 75.000 pacientes já realizaram este tratamento. Artigos científicos já foram publicados sobre este tratamento, tanto em revistas científicas norte-americanas quanto europeias.

Todo e qualquer procedimento médico, por menor que seja, pode ter alguma complicação. Entretanto complicações com o procedimento IDET são muito raras. Dentre algumas complicações relatadas estão a lesão de nervo e a infecção do disco. Em um estudo norte-americano do FDA (Food and Drugs and Administration) com 1675 pacientes analisados e do MDR (Medical Device Report) com 35.000 eletródios intradiscais, ocorreram 6 casos de lesão de nervos, sendo que destes 6, cinco recuperaram completamente e o outro estava melhorando. Nenhum caso de infecção foi documentado neste estudo. Entretanto, o procedimento IDET exige considerável treino e experiência por parte do médico que irá realizar o procedimento. Referência: Saal JA. IDET related complications: a multi-center study of 1675 treated patients with a review of the FDA MDR data base. Presented at International Spinal Injection Society 9th Annual Scientific Meeting. September 2001

O IDET é utilizado em pacientes com dor discogênica, onde o disco é a origem da dor na coluna. O disco intervertebral normal ou doente possue várias terminações nervosas que transmitem informações dolorosas. Na dor discogênica, existe uma amplificação destas terminações nervosas e o disco se torna muito sensível, transmitindo mais impulsos dolorosos (isto é, há mais dor). Nem toda dor lombar é causada por dor discogênica. Para saber se a sua dor lombar é do tipo discogênica, é preciso uma consulta com um médico

Não, este procedimento é feito sob anestesia local (semelhante à anestesia usada em procedimentos dentários) ou com anestesia local e sedação (além da anestesia local é aplicada uma medicação na sua veia para que você fique mais confortável, com menos dor e menos ansioso).

Sim, você pode realizar a cirurgia convencional de coluna no futuro, mesmo se for para operar o disco onde foi feito o procedimento IDET. O procedimento IDET não dificulta, nem aumenta os riscos de uma cirurgia convencional que porventura seja necessária no futur

Sim, se for uma caso de dor discogênica que não melhorou com o tratamento conservador, a cirurgia convencional está indicada. Entretanto se você não ficou convencido ou se você não se sente seguro para fazer uma cirurgia convencional, o IDET pode ser uma opção para você.

Após o procedimento você é encaminhado do centro cirúrgico de volta ao seu quarto, onde poderá comer e ficará se recuperando por algumas horas até poder ir para casa, normalmente no mesmo dia. Em casa você deverá tomar algumas medicações analgésicas e anti-inflamatórias e fazer repouso por alguns dias. Neste período você não precisa ficar deitado o tempo todo, mas deve evitar trabalhos domésticos (como lavar roupa, lavar o quintal, o carro, carregar sacolas de compras, etc) e esforços maiores (como a prática de esportes ou corrida). Se o seu trabalho não exige muito esforço físico (trabalho de escritório), você pode retornar ao trabalho cerca de 07 dias depois do procedimento.

Não e não! O procedimento é feito totalmente de modo percutâneo (através de uma punção da pele) e não é feito corte ou incisão nenhuma, portanto não é necessário dar pontos na pele. Por que então todo paciente não é operado desta forma? Nem todo paciente vai se beneficiar com este tipo de procedimento. O tipo de dor que você apresenta, seu exame físico e seus exames radiológicos (como a tomografia e a ressonância magnética) vão confirmar se você vai se beneficiar com este tratamento ou não. Consulte seu médico

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